Transtorno Afetivo Bipolar – O que é e qual o tratamento?

Transtorno Bipolar

Imagine você em um dia ensolarado e alegre, mas de repente esse dia se torna nublado e tudo aquilo que você via como vibrante e alegre se transforma em algo cinza e triste.
Essa é a realidade de quem possui o transtorno afetivo bipolar.
Então hoje, vamos compreender um pouco melhor o Transtorno Bipolar, uma condição que transforma a experiência da vida em uma montanha-russa emocional. Vamos entender como ele se manifesta, seus sintomas e as abordagens eficazes de tratamento.

Mas antes de explorarmos a manifestação e os sintomas, é crucial termos uma compreensão clara do que é esse transtorno.
O Transtorno Afetivo Bipolar, muitas vezes chamado de Transtorno Bipolar ou Bipolaridade, é uma condição mental caracterizada por mudanças extremas de humor, conhecidas como episódios maníacos e depressivos.
E por se tratar de um transtorno que, requer atenção por toda a vida, pode impactar significativamente a vida diária e os relacionamentos das pessoas que possuem o transtorno.

 

COMO A BIPOLARIDADE SE MANIFESTA E QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS SINTOMAS?

A primeira coisa que precisa entender é que o Transtorno Bipolar não segue uma linha reta. Por isso a metáfora que usei da montanha-russa se aplica tão bem, ou seja, são mudanças imprevisíveis entre os extremos maníacos e depressivos.
Algumas pessoas experimentam mudanças rápidas, enquanto outros permanecem em uma fase por longos períodos, porém, a intensidade e a duração variam muito de pessoa pra pessoa, tornando cada experiência única.
Existem basicamente 4 estados que a pessoa com bipolaridade experimenta: O estado regular, o estado de depressão, o estado de hipomania e o estado de mania.

 

O estado regular

É o que nós chamamos de normal, ou seja, é quando a pessoa não apresenta nem quadro depressivo e nem quadro maníaco ou hipomaníaco.
Geralmente com o tratamento certo, o portador de bipolaridade tende a ficar períodos maiores no estado regular e por isso que é tão importante o tratamento.

 

Estado depressivo

Nos episódios depressivos, uma sombra de tristeza profunda envolve a pessoa. Uma sensação de melancolia e desesperança permeia todos os aspectos da vida, muitas vezes sem uma razão aparente. Essa tristeza não é apenas uma resposta a eventos negativos, mas uma presença constante.
A pessoa sente uma fadiga avassaladora, tornando as atividades diárias simples uma luta. Até mesmo sair da cama pode parecer uma tarefa monumental.
O sono, que é reduzido durante a fase hipomaníaca, agora pode se tornar excessivo. No entanto, a qualidade do sono muitas vezes é comprometida, resultando em insônia ou sono interrompido. O descanso reparador se torna um desafio constante.
Uma característica marcante dos episódios depressivos é a perda de interesse nas atividades que antes traziam prazer. Hobbies, relações sociais e até mesmo responsabilidades diárias podem se tornar desprovidos de significado.
Durante a depressão, a mente é invadida por pensamentos negativos persistentes. A autocrítica torna-se uma voz constante, diminuindo a autoestima e ampliando as falhas percebidas.
A tendência ao isolamento é comum. A pessoa pode se afastar de amigos, familiares e atividades sociais, buscando refúgio na solidão como uma forma de lidar com a dor emocional.
A mente, já sobrecarregada pela tristeza, e tem dificuldade em se concentrar. A tomada de decisões simples pode tornar-se uma tarefa árdua, contribuindo para a sensação de impotência.

Estado de hipomania

borderlineAgora, adentramos no lado oposto do transtorno bipolar.
Na hipomania a pessoa experimenta um aumento extremo de energia. É como se tivessem uma fonte de vitalidade inesgotável, impulsionando o bipolar a realizar várias atividades ao mesmo tempo. Essa energia desenfreada pode ser percebida por outros como hiperatividade.
Os pensamentos durante a fase maníaca correm como foguetes. A mente está repleta de ideias e planos, muitas vezes grandiosos e impulsivos. A pessoa pode se sentir invencível, alimentando pensamentos de que é capaz de realizar feitos extraordinários.
A impulsividade é uma característica marcante. Decisões financeiras impulsivas, comportamentos sexuais arriscados ou envolvimento em atividades perigosas podem ocorrer.
A falta de inibição e o otimismo exacerbado podem levar a ações que, em circunstâncias normais, não seriam sequer cogitadas.
Embora a mania seja frequentemente associada a uma sensação de euforia, algumas pessoas experimentam irritabilidade intensa em vez de alegria. Essa irritabilidade pode se manifestar em respostas exageradas a situações cotidianas ou conflitos interpessoais.
Durante a fase maníaca, a necessidade de sono diminui significativamente. A pessoa pode se sentir revigorada mesmo após poucas horas de sono, às vezes passando noites sem dormir.
Apesar do aumento da atividade, a concentração pode ser prejudicada. Os pensamentos acelerados tornam difícil manter o foco em uma única tarefa, resultando em impulsividade e frequentes mudanças de interesse.
E esse é um estado um tanto quando problemático, já que a pessoa tende a ter um comportamento deslocado da realidade e, em alguns casos até estranhos ou bizarros.

 

Estado de Mania e surto maníaco

Dentro dos episódios maníacos, é possível ocorrer o que chamamos de surtos maníacos, momentos de intensidade descontrolada que adicionam uma camada adicional de complexidade ao Transtorno Bipolar.
Durante os surtos maníacos, o aumento de energia é exacerbado. A pessoa pode se tornar hiperativa, incapaz de ficar quieta, e muitas vezes apresenta um desejo incontrolável de iniciar várias tarefas ao mesmo tempo.
A fala se torna rápida, quase ininterrupta. As palavras fluem em um ritmo acelerado, refletindo a aceleração dos pensamentos. Essa velocidade pode tornar a comunicação difícil para quem está ao redor, pois acompanhar o fluxo de pensamento torna-se desafiador.
Durante os surtos, as ideias podem se tornar grandiosas e irrealistas. A pessoa pode começar projetos ambiciosos sem uma avaliação realista das possibilidades. A impulsividade atinge seu pico, levando a comportamentos arriscados, como gastos excessivos ou decisões precipitadas.
A necessidade de sono, que normalmente diminui durante a fase maníaca, pode praticamente desaparecer nos surtos maníacos. A pessoa pode passar dias sem dormir, sem sentir os efeitos típicos da privação do sono.
A agitação é uma característica proeminente. A pessoa pode parecer incapaz de relaxar, inquieta e propensa à irritabilidade extrema. Até mesmo situações cotidianas podem provocar reações desproporcionais.
Os surtos maníacos podem afetar significativamente as relações sociais e o desempenho profissional. O comportamento impulsivo e a irritabilidade podem levar a conflitos com pessoas próximas, enquanto a incapacidade de manter o foco prejudica a eficiência no trabalho.
Além disso, em alguns casos o surto maníaco ainda pode apresentar delírios, descolamento da realidade, fazendo a pessoa acreditar que está vivenciando uma realidade completamente diferente. Nestes casos uma internação é necessária até que os efeitos do surto desapareçam, porém, pessoas que tiveram surtos tem grande probabilidade de terem novos surtos e precisam de atenção redobrada nos primeiros sintomas.

 

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O QUE CAUSA O TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR?

Antes de mais nada é importante entender que não há apenas um fator que desencadeia o transtorno afetivo bipolar.
Segundo estudos mais recentes, várias coisas podem desencadear o transtorno como fatores genéticos, biológicos e ambientais.

predisposição genética
Se um membro da família tem o Transtorno Bipolar, o risco de outros familiares desenvolverem a condição aumenta. No entanto, a hereditariedade não é determinística, e muitas pessoas com histórico familiar não desenvolvem o transtorno se não tiverem eventos gatilhos como situações traumáticas, por exemplo.

Traumas e eventos estressantes
Eventos estressantes, como trauma na infância, abuso sexual, perdas significativas ou eventos traumáticos, podem desencadear o início do transtorno em indivíduos predispostos.

Fatores Biológicos
Segundo alguns estudos, fatores biológicos, como neuroquímica do cérebro desregulada podem acabar gerando sintomas de bipolaridade, no entanto, essa é uma condição mais rara e é de difícil diagnóstico.

 

QUEM SÃO OS MAIS AFETADOS PELO TRANSTORNO BIPOLAR?

Quando falamos da bipolaridade, não há discriminação, ela pode impactar qualquer pessoa, independentemente de idade, gênero, raça ou status socioeconômico. No entanto, algumas tendências podem ser observadas, uma delas é que o Transtorno Bipolar muitas vezes tem seu início na adolescência ou início da idade adulta. Cerca de 50% dos casos começam antes dos 25 anos.
Outro ponto a se observar é que, segundo alguns estudos, há uma ligeira predominância em mulheres no Transtorno Bipolar II, mas, no geral, não há uma diferença significativa na incidência entre homens e mulheres.

COMO É O TRATAMENTO DO TRANSTORNO BIPOLAR?

O tratamento do Transtorno Bipolar é um processo multifacetado que visa proporcionar estabilidade emocional, melhorar a qualidade de vida e prevenir a recorrência de episódios maníacos ou depressivos. Essa abordagem abrange intervenções medicamentosas, terapia psicológica e estratégias de autocuidado.

Tratamento medicamentoso

O tratamento farmacológico é muitas vezes a pedra angular do manejo do Transtorno Bipolar. Medicamentos estabilizadores de humor, como lítio, carbamazepina e ácido valproico, são frequentemente prescritos para regularizar os extremos de humor. Eles ajudam a prevenir tanto episódios maníacos quanto depressivos.
Em alguns casos, antidepressivos podem ser prescritos durante episódios depressivos, mas com precaução para evitar a indução de mania.
Antipsicóticos atípicos também são utilizados para controlar sintomas psicóticos associados a surtos maníacos.

Tratamento psicoterápico

terapiaA terapia psicológica é uma parte essencial do tratamento. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é frequentemente empregada para ajudar a pessoa a reconhecer e modificar padrões de pensamento disfuncionais. Além disso, a terapia interpessoal e a terapia familiar podem fortalecer os laços sociais e fornecer suporte emocional.
Além do auxílio em lidar com os pensamentos disfuncionais produzidos tanto em períodos de mania quanto em períodos de depressão, a psicoterapia também tem a função de psicoeducar a pessoa com bipolaridade sobre o transtorno.
Compreender os sinais precoces de episódios maníacos ou depressivos permite à pessoa antecipar e gerenciar melhor as flutuações de humor. O autoconhecimento é uma ferramenta poderosa para o autogerenciamento.

Estilo de Vida e Autocuidado

A manutenção de um estilo de vida saudável desempenha um papel crucial. Isso inclui uma rotina de sono consistente, exercícios regulares, alimentação balanceada e a redução do estresse. Evitar substâncias como álcool e drogas é fundamental, pois podem desencadear episódios.
Construir e manter uma rede de apoio é vital. Amigos, familiares e grupos de apoio podem oferecer compreensão, empatia e suporte prático durante períodos desafiadores.

Monitoramento Contínuo

O tratamento para o Transtorno Bipolar é dinâmico e requer monitoramento contínuo. Ajustes na medicação, mudanças na terapia e adaptação de estratégias de enfrentamento são essenciais para atender às necessidades individuais ao longo do tempo.
Em suma, o tratamento para o Transtorno Bipolar é uma jornada colaborativa entre o indivíduo, profissionais de saúde mental e a rede de apoio. A abordagem integrada, considerando tanto a dimensão biológica quanto a psicossocial, visa proporcionar uma vida equilibrada e produtiva para aqueles que enfrentam esse desafio.

 

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Bruno Caldas

Psicologo, palestrante, especialista em melhoramento pessoal, coautor do livro Hipnose Terapêutica, especialista em psicologia do sucesso e Desenvolvimento pessoal.

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